domingo, 5 de setembro de 2010

PARA REFLETIR:

UM HERÓI DE CADEIRA DE RODAS.

     Havia um homem de 38 anos, que tinha enormes cicatrizes no rosto, que lhe deformavam a face. Seu nome era Guilherme, e além das cicatrizes era paraplégico. Guilherme era pai de Rodolfo de 14 anos. Onde Guilherme ia, as pessoas ficavam chocadas com sua aparência, com isso o jovem Rodolfo cresceu tentando esconder o pai. Não convidava seu amigos para frequentar sua casa, não o chamava para participar de suas atividades escolares, e mesmo percebendo as atitudes do filho, o pai se calava.
     Certa vez, Rodolfo contraiu uma forte gripe e não foi a aula, neste dia o professor passou um trabalho pro dia seguinte, e com o tempo apertado, o grupo de Rodolfo, foi até sua casa de surpresa. A mãe do garoto, levou os amigos do filho para a sala e foi chamar Rodolfo no quarto. De repente apareceu o senhor Guilherme e as crianças ao verem seu rosto ficaram chocadas, nesse momento apareceu Rodolfo que ficou abalado pela situação, nisso o senhor Guilherme todo humorado, disse:

     - Não se preocupem, eu sei que sou bonitão.

     Eles sorriram, mas Rodolfo não relaxou. Queria fugir, mas não podia. Seus colegas perceberam a doçra de um homem mutilado pela vida. Rodolfo estava tão acostumado em ver os defeitos exteriores do pai que nunca o enxergara de forma sociável e cativante. Seus preconceitos impediam-no de ver a beleza escondida atrás das cicatrizes de seu pai.
     Enquanto faziam o trabalho, os alunos tiveram dúvidas e resolveram pedir ajuda ao senhor Guilherme, que os deixou admirados com sua fantástica cultura. Após terminar o trabalho, as crianças gostaram tanto do senhor Rodolfo que continuaram fazendo perguntas, até que alguém fez uma pergunta fatal:

     - Por que o senhor está numa cadeira de rodas? Como surgiram essas cicatrizes?

     Rodolfo ficou vermelho, queria sai dali, seu Guilherme e a esposa guardavam um segredo a esse respeito, mas sabiam que um dia teriam que contar ao filho, apenas esperavam que ele crescesse. Os pais de Rodolfo se entreolharam e com um sinal da esposa seu Guilherme todo embargado de emoção, começou a contar a história:

     - Meu filho, quando você tinha com dez meses de idade, fomos passear num hotel-fazenda. O hotel era lindo, todo feito de madeira. Eu e sua mãe fomos fazer uma longa caminhada e deixamos uma babá cuidando de você. De repente, vimos ao longe labaredas de fogo na direção do hotel.
     Apressadamente, fomos ao local e vimos o hotel em chamas. O fogo havia-se alastrado rapidamente. Procuramos você e não o achamos. Ao ver a babá sozinha, entramos em pânico. Ela o havia abandonado para ir à piscina e teve medo de entrar no hotel para resgatá-lo. O tumulto era grande. As estruturas ameaçavam desabar.
Desesperado, tentei entrar no hotel. Algumas pessoas me seguraram dizendo que era loucura, pediram-me para esperar os bombeiros que em breve chegariam. - E fitando Rodolfo, seu pai acrescentou: - Sua vida era mais importante que a minha. Poderia morrer, mas lutaria por você.

     O filho não suportou. Começou a chorar diante dessa dramática história. Nesse momento, uma colega o abraçou. O senhor Guilherme continuou:

     - O calor era insurpotável. Comecei a tossir muito. Em meio a fumaçã e ao fogo eu felizmente o alcancei. Você chorava inconsolado. Eu o abracei, o protegi e bati em retirada. Quando estava para sair do hotel, tropecei num objeto no meio do caminho. Os bombeiros, que haviam chegado, o resgataram, mas, antes que me socorressem, uma viga central dasabou sobre minhas costas fraturando minha coluna. Com a queda, meu rosto tocou em brasas vivas e se queimou.

     O senhor Guilherme parou a narrativa para enxugar suas lágrimas. Em soluços, ele disse:

     - Eu sei que as pessoas se espantam com minha face. Mas as cicatrizes que abalam as pessoas é o sinal do amor intenso que tenho por você.

     Rodolfo, que havia derramado algumas lágrimas, começou a chorar em voz alta. Se antes sentia vergonha do rosto deformado do seu pai, agora estava sentindo vergonha do seu egoismo. Em prantos perguntou:

     - Porque vocês não me contaram essa história antes?

     - Eu e sua mãe resolvemos não lhe contar a verdadeira história para que você nunca achasse que por sua causa eu sou um paralítivo e deformado. Queriamos que você vivesse a vida intensamente e sem traumas. Tinha medo de que você não voasse alto, por ter pena de mim. Não queria que sua história fosse amarrada nas minhas limitações e em meus sofrimentos. Se eu errei, perdoe-me.

     - Papai, eu é que peço perdão. Eu não o conhecia, mas agora meus olhos o vêem. Eu tinha vergonha de você, mas agora vejo que por detrás dessas ciatrizes há um herói que me amou intensamente e lutou por mim com todas as suas forças.

     Em seguida, o jovem Rodolfo levantou-se e abraçou seu pai como nunca o fizera. Raramente um abraço foi tão comovente. Depois desse gesto, fez outro gesto que seu pai jamais imaginou que fizesse: beijou suas cicatrizes.
     O pai sabia que o filho o desprezava, mas tinha esperanla de que um dia ele retornaria para seus braços. As imperfeições da face do seu pai, que lhe causavam aversão, tornaram-se a fonte mais excelente de orgulho. Desse modo, tornaram-se grandes amigos, escreveram uma nova história.



História extraida do livro "Filhos Brilhantes, alunos fascinantes." de Augusto Cury.

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